quinta-feira, julho 27, 2006

quarta-feira, julho 26, 2006

Groppuso TV apresenta:

GUANTANAMERA, COM BANDA BASSOTTI!

terça-feira, julho 25, 2006

ANSIOSO DEMAIS, PORRA!!!

Sentar naquele murinho do Banco Safra, no cruzamento da avenida Paulista com a rua Augusta, olhando aquele fuá é tudo! Ainda mais no estado de nervos que estou ultimamente, minha ansiedade é tanta que ainda acaba comigo.

Venho sentindo as dores mais absurdas pelo corpo inteiro, pareço um velho com seus 80 anos. Minhas noites têm sido péssimas, acompanhadas de uma insônia dos diabos. Igualzinho a minha mãe com menopausa, que fica perambulando pela madrugada sem conseguir dormir.

Mas aquele lugar, aquelas pessoas que passam ali apressadas, de todas as cores, de todos os tipos, me acalma e me alegra. Dou aquela tragada no meu velho cigarro - sempre deixo um dentro da carteira para momentos especiais como aquele - e penso comigo:

- Isso tudo é uma beleza!

Fico tranqüilo e em transe por alguns minutos, um orgasmo.

A coisa mais urbana que já vi, as pessoas mais lindas que já conheci. Temos uma beleza indescritível, um gingado que ninguém tem, principalmente um jogo de corpo para os problemas que nos cercam.

O que será que cada um está pensando agora? O que cada um vai fazer? Quais são seus problemas, suas alegrias? Com certeza são como os meus, melhores ou piores tocam suas vidas. Caminham pra lá e pra cá num rítmo frenético, como se fosse uma dança urbana deixando tudo aquilo muito lindo. As cores dos outdoors, os carros, os edifícios. Tudo ali muito colorido, cheio de vida.

- Dá uma olhada nesse doido, todo esquisito e não tá nem aí pra nada!

- Olha esse aí, então, falando sozinho. Só dá louco nessa cidade. Mas tudo é muito mágico. Pensei e ri sozinho ali, dei uma baita gargalhada bem alta. Acho que o louco aqui sou eu, isso sim.

Lembrei de você, querida. A cidade me faz lembrar você, por isso não a esqueço.

Ei, darling! Você deveria estar comigo agora vendo tudo isso, é um um cinema ao vivo. Seria romântico se estivéssemos juntos agora. Tenho que me conformar em ser o único espectador deste momento, mas seria lindo se pudesse me acompanhar.

Já são quase dezenove horas, estou atrasado para o dentista. Dei meu último trago e lancei a bituca longe. Por azar caiu na cabeça de um engravatado que chupava um horrível sorvete do Mac Donalds. Problema dele. Dei uma de bobo e saí correndo.

sexta-feira, julho 14, 2006

CALÇA CURTA , VELHOS E NAFTALINA.

Uma mão entre suas coxas e os ouvidos atentos ao barulho do portão que se abria.

-Puta merda, seu pai chegou! E agora, caramba?

Era sete horas da manhã, e o pai daquela fulana era um bicheiro, velho chato e ranzinza, o véio era perigoso. Saía sempre às seis da manhã e só voltava à tarde para comer alguma coisa. Infelizmente hoje ele voltou mais cedo que se imaginava.

- Véio do cacete! E agora, o que a gente vai fazer?

- Sei lá, entra aí no guarda-roupa e fica quietinho.

Nossa! Aquilo foi broxante, estava com as calças pelos joelhos e a cueca também. Foi tão desesperador que, intuitivamente, puxei as calças rapidamente - obviamente seria a cueca primeiro - a calça enroscou na cueca e no fim fui parar no guarda-roupa com as calças ainda no meio das pernas.

Nossa, que roupas bregas desse velho! - pensei comigo. Me deu uma vontade de rir daquela breguice, mas isso não era hora, minha situação era péssima.

A casa era um quarto, cozinha e banheiro, não tinha pra onde correr, seria morto ali mesmo com as calças na mão e o pinto murcho, indefeso. Aquilo era vergonhoso demais pra mim. O pior de tudo é que sou alérgico a mofo, poeira. O interior do guarda roupa parecia um baú de roupas velhas. Que cheiro de naftalina horrível.

Estava totalmente encrencado, encolhido e assustado, e uma vontade imensa de espirrar. Teria que agüentar aquilo, era minha prova de fogo. Imagine minha situação: meio que sem calças, com vontade de espirrar e não sabia quando sairia dali.

Pensava comigo mesmo:

-Nunca mais volto aqui, nunca mais invento de trepar de manhãzinha. Fiz mil promessas se saísse ileso dali.

Prometi até ir à igreja todos os domingos com minha mãe, quando meus pensamentos foram interrompidos por uma voz irritante e áspera:

- Decidi ir trabalhar mais tarde, tô com preguiça hoje.

-Meu Deus, o que vou fazer agora? - falei baixinho.

Ouvi que a garota fazia de tudo para dispensar o pai. Ela não podia me deixar ali sozinho, o velho poderia querer alguma roupa que estava ali, aí sim estaria perdido.

Fiquei quase duas horas ali, passando mal, “tudo” e “todo” encolhido. Enfim o velho decidiu ir embora, tamanha foi a insistência da filha. Saí do armário, dei vários espirros e traumatizado terminei em segundos o que havia começado e disse nunca mais voltar ali e passar aquele constrangimento.

Falei a ela:

- Tão cedo não vou aparecer aqui, você disse que era super seguro!

- Me desculpe, não imaginei que pudesse voltar tão cedo - ela respondeu.

Senti seu pesar e fui embora morrendo de vergonha e raiva.

Um dia depois estava escondido debaixo da cama, me segurando para não espirrar. Dessa vez deu tempo de vestir as calças corretamente. Fiquei mais tranqüilo.

quinta-feira, julho 13, 2006

- Não bate na criança, não bate na criança! - gritava e chorava o pequeno Agezinho, convicto de que não se batia em criança.

Ri muito ao ouvir aquilo da minha cria. De onde veio aquela idéia de que não se bate em criança? Tinha apenas 3 aninhos e já tinha seus argumentos. Me lembro deste e de outros momentos engraçados onde Agezinho estava envolvido.

- Papai, por que você não mora na minha casa e mora com a vovó? - eram suas perguntinhas chatinhas de responder.

Encostar a cabeça no travesseiro e a solidão da noite me fazem pensar nestes momentos caseiros e evolutivos daquele moleque que é a minha cópia perfeita e repensar em toda minha vida. Revirar as lembranças mais distantes, recordações e pequenos detalhes que para mim foram belos ou malditos.

Lembro da minha infância onde tudo era perfeito e encantador, onde tudo era uma diversão. Onde ir ao supermercado com meus tios fazer compras era tudo de bom, eu e meu primo nos perdíamos nos corredores imensos daquele lugar, ou mesmo deslizar com os carrinhos de compras, era a Disney para mim. Hoje as coisas são diferentes, temos que lidar com a realidade das coisas, tomar atitudes que podem mudar sua vida radicalmente, tanto para melhor ou para pior. O homem tem seus momentos assustadores, seus medos interiores, suas dúvidas, suas angústias.

- O que vou fazer agora? Tenho tanto medo!

- Mãe, como queria um abraço teu agora.

Quantas vezes disse isso sozinho, chorando desesperadamente como uma criança, homem já feito...

Estes são momentos solitários e únicos de um homem. Quantas vezes sentei na privada do banheiro para poder chorar, aliás para ninguém me ver chorando? Pois você é um homem, e homem feito não chora.

Quanta bobagem.

- Chora Agezinho, chora enquanto papai e mamãe estão aqui a seu lado!

Talvez futuramente você irá chorar em algum quarto por ai, no silêncio da noite ou em algum banheiro sujo desta cidade, sem ninguém para te abraçar, entre o medo e o desespero. Aí realmente você se tornará um homem. Onde a vida certamente baterá no homem.

quinta-feira, julho 06, 2006

UÉ! CADÊ A LIBERDADE?

AG teve um dia muito cansativo, trabalhando desde as seis da manhã. O balanço do final de mês sugou toda a energia que restara, acabou com toda sua paciência, precisava relaxar. Dezoito e trinta e ainda continuava em seu serviço, em sua mesa, pensando o que iria fazer da vida.

Uma hora depois estava em uma mesa diferente, destas com muita cerveja e gente conversando. Ali sim estava melhor, entre conversas, caipirinha e a bendita cachaça!

O mijadouro me esperava. Algo aconteceu, pois voltei vendo tudo triplicado, já não conseguia coordenar meus passos e movimentos. As únicas imagens que me recordo deste instantes pós-bar era a lembrança de ter estado com Chico Buarque, ter passado pelo México e tirado fotos com meu amigo Pessoa.

¿AG no México?

E então, pegar o ônibus Largo da Pólvora e descer no ponto final, algo infantil e totalmente fácil pra quem esta sóbrio. Eram 22:30 quando me despedi e adentrei no bendito ônibus. Acordei à 1:20 da manhã no mesmo ônibus, só que em um local totalmente diferente e assustador. Pensei comigo:

- Meu Deus, onde é que estou? Nunca vi este lugar na minha vida!

Para minha surpresa fui parar em uma favela no Jardim João XXIII, só com meu bilhete único e nenhuma esperança de que ainda voltaria para casa. O único jeito foi ficar ali mesmo no ponto. Uma dor de cabeça horrível me atacou e me desmachei em vômitos para todos os lados, o frio e o medo tomaram conta de mim e por poucos minutos não entrei em desespero. O jeito era deitar ali mesmo e me encolher todo - o frio daquele chão passava pelos meus ossos fazendo doer meus dedos das mãos. As pessoas passavam por mim e faziam comentários como se eu fosse um bêbado ou um mendigo. Não estava longe de parecer com um, pois os cachorros não passavam por mim sem dar uma latida.

Acho que dormi por algumas horas pois acordei com alguns muleques estranhos comentando sobre mim. Mas assustado mesmo fiquei quando ouvi a intenção da rapaziada: queriam furtar-me, tirar o que eu não tinha. Desceram a rua e pararam para fazer uma votação, se me roubavam ou não. Decidi acordar e ficar sentado, coloquei a mão dentro da jaqueta como se estivesse armado e fiquei esperando. Lá vinham eles, trocamos olhares inimigos e passaram direto novamente. Pararam mais acima e continuaram indecisos.

Para minha salvação um casal apareceu em meio ao nada e disfarcei pedindo informações e caminhei com eles até a rua de baixo onde nos separamos. Corri o máximo que pude até um posto de gasolina. Fiquei por lá escondido até um ônibus passar. Às quatro e trinta da manhã consegui pegar um ônibus.

Agora meu drama era outro, a vontade de vomitar era desesperadora, o balançar do ônibus fazia com o que tinha sobrado em meu estomago viesse à tona. As pessoas subiam na lotação fazendo com que meu sufoco aumentasse. Era uma luta com meu organismo deteriorado, o vômito subia e descia. Tudo para não fazer feio, tudo para não emporcalhar alguém. Já bastava minha roupa suja e cheirando a cachaça, a fumaça. Foi quase uma hora de luta comigo mesmo. Ainda tive que pegar o metrô e passar pelo mesmo sufoco. As pessoas notavam o meu sofrimento e angustia. Notava que me olhavam com nojo e dó ao mesmo tempo. Acho que imaginavam:

- Coitado deste moço, pálido e sujo!

Saí do metrô e desci correndo até chegar na casa de meus pais. Era o que mais queria, o que tanto precisava. Enfim entrei e agradeci muito por ver meu filho em paz dormindo com minha mãe. Estava lá me visitando e dormiu poque não agüentou me esperar mais. Eu estava sujo, fedendo, uma dor de cabeça insuportável mas, no final de tudo, estava em casa.

Que dia! Nunca mais vou beber e fumar.