quinta-feira, junho 21, 2007

Glicério Submersa

Duas e meia da madruga de segunda-feira, e essa merda de forró tocando a um volume irritante. Sabe aqueles sons potentes que ficam no porta malas do carro? Quatro fulanos bêbados bebendo e dançando a maldita música em frente ao boteco.

Baixada do Glicério, antigo gueto das prostitutas, varridas pelo Jânio. Esta foi a história que me contaram.

Uma praça rodeada de pequenos prédios imundos e sinistros. Pessoas ali de todos os tipos: negros, branquelos, nordestinos, importados e piratas também. Trombadinhas e pessoas de bem, mulheres pra todos os gostos desfilando com seus modelos agarradíssimos. Milhares de janelas e vidas ali vivem. Que naquele momento tentam dormir.

Três horas da manhã e a festinha íntima de cachaceiros continua. O único jeito é acender um cigarro e participar indiretamente dela. Talvez se tivesse um estilingue acabaria com a felicidade deles. Mas não tenho.

Essas são as madrugadas do miolo do Glicério, a terra de ninguém. Onde a ordem e o silêncio não existem.

Onde só vivem os arruaceiros e os cansados de um dia duro, que tentam ao menos dormir.

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